16.4.10

Poesia Visual #01

«O termo poesia visiva, muito marcada pela declarações teórico-ideológicas dos poetas participantes, que guardam evidentes laivos vanguardistas, cedeu lugar aos poucos para o mais amplo e indefinido termo poesia visual, que acabou por se firmar em mostras, publicações e antologias em todo o mundo, às vezes se completando com o termo poesia concreta, outras contendo esta.» (Menezes, 1994: 197)

Segundo Philadelpho Menezes, a poesia visual, anteriormente com o nome de poesia visiva, refere-se a qualquer poema feito de palavras e imagens visuais, tais como signos gráficos, fotografias, desenhos e símbolos visuais. A poesia visual propõe a incorporação da imagem visual (fotografia, desenho, etc.) “como elemento poético, como signo equivalente ao verbal, que entra em combinação, se não for formal, ao menos certamente semântica com a palavra e o texto” (Menezes, 1994: 205). A imagem visual desta passa a fazer parte da escrita poética, ganhando assim a mesma função atribuída ao signo verbal.

“A poesia visual resulta da intersecção entre a poesia e a experimentação visual” (Bacelar, 2001: 2) podendo ser vista como o resultado duma sobreposição entre a escrita e o desenho, uma vez que toda a escrita tem origem no desenho (a escrita poderá ser entendida como um desenho de palavras). É possível pensar simplesmente em imagens, tal como se pode pensar simplesmente em palavras. Se a escrita e o desenho são meios de comunicação mental, será no pensamento que a poesia e o traço se encontram.Apesar de ser um movimento surgido já numa fase tardia da modernidade, a poesia visual assenta numa prática antiga - tão antiga como a própria escrita – de procurar veicular os sentidos através de um único texto, seja através da disposição gráfica, da manipulação fonética ou ainda da própria escrita e dos sentidos que esta possa insinuar.

Segundo Jorge Bacelar, a escrita ao libertar-se gradualmente da função inicial de registo, descobre e desenvolve uma dimensão artística, dispersando-se pelas mais diversas formas de representação, ultrapassando o seu estádio utilitário, a escrita tornou-se uma forma de arte que acompanhou e contribuiu para a evolução das sociedades em que surgiu, reflectindo os seus modos de pensar, de comunicar e principalmente a sua capacidade de inventar.

«A poesia visual assenta numa prática experimental. Prática essa que à primeira vista transmite um aspecto efémero, volátil, inconsistente, num interminável jogo de tentativa e erro.» (Bacelar, 2001: 8)