30.6.10

“Arte em Medias Digitais”: a arte generativa

Priscila Arantes no livro Arte e Media, perspectivas da estética digital, pretendendo fazer uma pequena “arqueologia” da palavra “mídia”, salienta o pensamento de Lucia Santaella no livro Cultura e artes do pós-humano:

“assinala a expansão que o termo vão ganhando na contemporaniedade devido ao desenvolvimento acelerado da informática e da sua inter-relação com os meios de comunicação. Longe de se referir exclusivamente aos meios de comunicação de massa, o termo media diz respeito, também, a todos os processos de comunicação mediados por computador (CMC). É sobre essa perspectiva que a autora, em vez de usar a expressão “novas mídias”, utiliza “mídias digitais” (…) para designar essa nova fase da cultura contemporânea estritamente influenciadas pela revolução da informática e pelas tecnologias numéricas.”

Priscila Arantes ao empregar a expressão “arte em medias digitais” explica que ela “sugere uma produção artística que actua não somente na interface com a informática mas também na confluência com os meios de comunicação mediados por computador”.
Na década de 50 e 60a expressão mais usada era “arte cibernética”, nos anos 70 e 80 “arte informática”, nos anos 80 passou a chamar-se “arte e tecnologia”, “arte numérica” ou “arte electrónica”. Actualmente os termos mais utilizados são os mais variados “ciberart”, “arte digital”, “net arte”, “web arte” ou “arte nos novos medias”.
Embora não exista ainda um consenso terminológico para designar estas novas formas de expressão, a autora optou por utilizar a expressão “arte em medias digitais” para designar artes nos medias e que utilizam os media digitais para desenvolver peças criativas.


“A expressão “arte em medias digitais” abrange, desse modo, as formas de expressão artísticas que se apropriam de recursos tecnológicos desenvolvidos pelas industrias eletrónico-informáticas e que disponibilizam interfaces áudio-tátil-moto-visuais propicias para o desenvolvimento de trabalhos artísticos, seja no campo das artes baseadas em rede (on-line e wireless), seja na aplicação de recursos de hardware e software para a geração de propostas esteticas off-line.”

A utilização da informática na arte surgiu no século XX, a partir dos anos 40, com o aparecimento do primeiro computador electrónico, Eniac ( computador e integrador numérico electrónico) que foi desenvolvido pelo físico John Mauchly e pelo engenheiro Presper Eckert na Universidade da Pensilvânia. A partir da década de 50 e 60 já estavam disponíveis recursos informáticos que permitiam a manipulação e exibição de imagens.

“Por meios de algoritmos executáveis pelo computador, as primeiras obras de computer art eram, na sua maioria, não figurativas. Michal Noll, Georg Nees, Vera Molnar, Manfred Mohr e no Brasil, Waldemar Cordeiro foram alguns pioneiros artistas a trabalhar com sistemas computacionais.”

Quando o computador pessoal se tornou mais acessível, entre a década 80 e 90, assim como o advento da internet, começaram a surgir cada vez mais experimentações artísticas que recorriam á informática.

“Ciber instalações, cibercenários, ambientes imersivos, sistemas multiusuários, telepresença, telepreformances, instalações e performances digitais, net-arte, robótica, vida artificial, arte transgénica, propostas estéticas que utilizam comunicações sem fios, trabalhos on-line e off-line são algumas das formas pelas quais os artistas contemporâneos vêm trabalhando com as mídias digitais”.

Para este novo tipo de arte, criada em computador e que usa algoritmos para o seu “nascimento”, dá-se o nome de Arte Generativa.

Bibliografia: Arantes, Priscila, Arte e mídia: perspectivas da estética digital, Editora Senac São Paulo, 2005.