30.10.10

Poemas

A pesquisa reuniu um conjunto de 219 poemas de 32 poetas, na sua maioria portugueses e brasileiros, entre eles Abilio-José Santos, Alberto Pimenta, Alexandre O’ Neil, Álvaro Neto, Ana Hatherley, Antero de Alda, António Aragão, António Barros, Armando Sales Macatrão, Augusto de Campos, Décio Pignatari, E. M. de Melo e Castro, Fernando Aguiar, Julio Plaza, Mário Cesariny e Salette Tavares.

A poesia visual tornou-se, com o passar das décadas, cada vez mais figurativa e menos textual. Quando no início se apresentava apenas com palavras, na década de 1960 começou a juntar algumas formas mais visuais aos seus poemas, como a acentuação exagerada de sinais ortográficos, o ponto de exclamação (!) ou ponto de interrogação (?)

Poemas como Eis os amantes ou Tensão de Augusto de Campos, 1953 e 1956, respectivamente; Vai e Vem de Lino Grunewald, 1959, são exemplos desta primeira fase da poesia visual, que se encontrava ainda meio tímida e que procurava outras temáticas para se expressar.

Poemas de divertimento com sinais ortográficos, de Alexandre O’Neill, 1960; Hipnotismo, 1962 ou Ideogramas – Transparência, de Melo e Castro, 1964, utilizam a pontuação, exagero na acentuação e no caso da Transparência, o movimento da tipografia como forma de atribuir ao poema textual um maior dinamismo.Na década de 1970, Silêncio, de Melo e Castro (1972), enquadra a palavra “silêncio” em frames, lembrando-nos a tela de um monitor. Ainda na década de 1970, de-vo-ta, de António Nelos, um poema extremamente figurativo transmite-me a ideia de movimento e a sua captação de frame a frame, mais uma vez recorrendo ao ecrã ou quadro limitador do corpo.

Já na década de 1980 e com o aparecimento do computador, os poemas visuais tenderam a tornar-se cada vez mais figurativos e a recorrer a elementos gráficos que reportassem para o ecrã do computador. Ensaio para uma nova expressão escrita, de Fernando Aguiar, 1984 e Caules do silêncio, de António Barros, 1985, são dois poemas figurativos típicos da altura. A presença do Homem, partes do corpo, como as mãos ou o peito, são muitas vezes referenciados.