30.10.10

Tradução intersemiótica

«A primeira referência (explícita) à Tradução Intersemiótica que tive oportunidade de conhecer foi nos escritos de Roman Jakobson. De que tenho notícia, Jakobson foi o primeiro a discriminar e definir os tipos possíveis de tradução: a interlingual, a intralingual e a intersemiótica. Algum tempo depois, por volta de 1980, o Mestre Haroldo de Campos introduziu-me, com o rigor e a sensibilidade que o caracterizam, na teoria da “operação tradutora” intra e interlingual de cunho poético.» (Plaza, 1987: 3)

A tradução intersemiótica é definida como uma “tradução de um determinado sistema de signos para outro sistema semiótico” (Plaza, 1987: 3). Estas traduções encontram-se nas artes plásticas e visuais para a linguagem verbal ou vice-versa. Este tema tem sido estudado por muitos autores contemporâneos para além de Julio Plaza, como Nelson Goodman, Michael Benton, Mario Praz ou Solange Oliveira.

«A Tradução Criativa de uma forma estética para outra, no âmbito da poesia, dispensa apresentação, tanto pela tradição qualitativa e quantitativa dos trabalhos produzidos na história, quanto pela reflexão teórica relativa a este tipo de operação artística. Teorias produzidas por teóricos e artistas-pensadores abriram caminho para investigações sobre a tradução e transpassaram características meramente linguísticas. É impossível deixar de mencionar os nomes de Walter Benjamin, Roman Jakobson, Paul Valéry, Octavio Paz, Jorge Luís Borges e entre nós, Haroldo de Campos.» (Plaza, 1987: 3)

Ao adaptar uma obra literária para o cinema, Roman Jakobson denomina esta acção de tradução específica, na qual os signos verbais são interpretados por signos não-verbais como tradução intersemiótica.

«Já a Tradução Intersemiótica ou “Transmutação”, foi definida por Jakobson como sendo aquele tipo de tradução que “consiste na interpretação dos signos verbais por meio de sistemas de signos não verbais”, ou: “de um sistema de signos para outro, por exemplo, da arte verbal para a música, a dança, o cinema ou a pintura”, ou vice versa, poderíamos acrescentar.» (Plaza, 1987: 3)

Segundo Paul Valéry, “Traduzir” significa conseguir “efeitos análogos com meios diferentes” resultando na “equivalência nas diferenças”, descrita por Roman Jakobson.